Energia limpa e renovável pode abastecer indústrias e empreendimentos inovadores, como data centers
O Brasil é líder mundial em geração de energia renovável, e o setor elétrico pode ser de grande ajuda para descarbonizar a economia e atrair investimentos para o país. Nesse sentido, autoridades de diversos setores se reuniram em Foz do Iguaçu (PR) no início do mês para debater a importância da transição energética.
De acordo com a BloombergNEF, o Brasil já é um dos países que mais recebem investimentos em transição energética: atraiu quase US$ 35 bilhões em 2023, o sexto maior valor do mundo e o maior entre os mercados emergentes, exceto a China. Também é o terceiro maior mercado do mundo para energia eólica e solar, com um recorde de 5 gigawatts de projetos eólicos e 16 gigawatts de capacidade solar entrando em operação no ano passado.
O consenso entre as autoridades presentes no BloombergNEF Academy, nos dias 1 e 2 de outubro, foi de que o setor elétrico é essencial para tornar outras atividades mais sustentáveis e limpas. Entre os transportes, a energia renovável pode ser útil eletrificando frotas ou produzindo biocombustíveis, como o hidrogênio verde. No agronegócio, as atenções se voltam à amônia verde, um biofertilizante.
A própria venda de energia limpa já é de grande relevância para toda a indústria, intensificando também a comercialização de créditos de carbono. Assim, um desafio apontado pelo cofundador e acionista da Renova Energia, Renato Amaral, é a padronização desses créditos e das metodologias envolvidas no processo. “O Brasil poderia encabeçar essa discussão sobre os créditos de carbono”, comenta o executivo. O CEO da companhia, Sergio Brasil, também participou do evento.
A Renova Energia, que hoje conta com quase 9 GW em empreendimentos eólicos e solares, é uma das empresas atuantes no Nordeste brasileiro. A companhia, pioneira na produção de energia limpa no Brasil, também realiza iniciativas culturais e de capacitação profissional nas regiões próximas aos parques geradores, contribuindo para o desenvolvimento das comunidades.
Tendências
Uma forte tendência nos próximos anos apontada durante o encontro é a chegada de data centers, que envolvem um grande consumo de energia, especialmente renovável, que tem custo mais baixo. Ou seja, é uma ótima oportunidade para um país com abundância de fontes renováveis e um sistema robusto em expansão. “O Brasil tem uma vocação para ter um centro de data centers no mundo”, observa Amaral.
Agentes do setor de energias renováveis apontam que o Brasil é um forte player internacional para receber empreendimentos desse tipo, uma vez que há a necessidade de escoar a geração de energias renováveis principalmente no Nordeste. A construção de data centers na região ainda seria relevante para manter o consumo da energia próximo ao local de geração, otimizando o serviço e evitando grandes investimentos em transmissão.
Há ainda um movimento para atrair investimentos para a região. “A demanda de energia por data centers está crescendo e já estamos vendo contratos sendo assinados com demanda imediata”, disse a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) em matéria divulgada pelo Valor Econômico sobre o evento Fiec Summit 2024, realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará.
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