Plataformas que distribuem ‘dividendos’ em criptomoedas resistem à queda e acumulam US$ 20 bilhões.

No mercado de criptomoedas, os dividendos são associados ao staking, uma forma de renda passiva que ganhou popularidade após o advento das finanças descentralizadas.

No mercado de criptomoedas, os dividendos são associados ao staking, uma forma de renda passiva que ganhou popularidade após o advento das finanças descentralizadas.

Uma parcela do mercado de criptomoedas conseguiu se recuperar de uma prolongada queda nos ativos digitais e está se aproximando de um recorde histórico: trata-se do setor de staking líquido (dividendos), que recompensa os usuários que bloqueiam seus tokens para ajudar a operar blockchains.

De acordo com os dados da plataforma DefiLlama, o valor dos ativos bloqueados em serviços de staking líquido aumentou em impressionantes 292%, atingindo a marca de US$ 20 bilhões em comparação com o mínimo registrado em junho de 2022, quando a indústria de criptomoedas estava se recuperando de uma crise.

Esse crescimento levou o staking a se tornar o maior segmento dentro das finanças descentralizadas (DeFi), que permitem que as pessoas negociem, emprestem e tomem emprestado sem a necessidade de intermediários, através de softwares automatizados baseados em blockchain. Anteriormente, os empréstimos eram a aplicação principal da tecnologia DeFi.

Protocolos de staking líquido, como Lido (LDO) e Rocket Pool (RPL), atingiram seu pico em abril do ano passado, com pouco mais de US$ 21 bilhões em ativos, antes de sofrerem uma queda devido ao colapso da stablecoin TerraUSD (UST), que agravou a queda do mercado de criptomoedas, que na época tinha um valor de mercado de US$ 2 trilhões.

Enquanto os preços das principais criptomoedas e as taxas de juros na maioria dos serviços DeFi permanecem muito abaixo dos recordes estabelecidos em 2021 e 2022, o staking líquido experimentou uma notável recuperação.

A popularidade do staking cresceu após sua adoção pelo Ethereum (ETH), a blockchain mais comercialmente significativa, como parte das atualizações da rede no ano passado. Atualmente, as pessoas que bloqueiam tokens Ether para ajudar a operar a rede Ethereum recebem uma recompensa equivalente a cerca de 4% ao ano na forma de mais moedas.

Outras blockchains concorrentes, como Solana (SOL) e Cardano (ADA), também oferecem recompensas por meio do staking.

O número de validadores – participantes que bloqueiam moedas e ajudam a aprovar transações na rede Ethereum – aumentou quase 40% após uma grande atualização na rede em abril, de acordo com Steve Berryman, diretor de negócios do provedor de serviços de staking Attestant.

Participar diretamente no staking requer a utilização de software e hardware complexos. No caso do Ethereum, também envolve o bloqueio de pelo menos 32 Ether, o que equivale a cerca de US$ 52 mil nos preços atuais, por um período específico.

Os protocolos de staking líquidos simplificam a complexidade técnica, possibilitam investimentos menores e disponibilizam aos usuários uma versão das moedas bloqueadas que podem ser utilizadas em outras finalidades.

 

Riscos e Regulamentações

Kunal Goel, analista de pesquisa da Messari, comparou esses serviços aos ‘títulos do governo’ dentro da rede, afirmando que ‘embora não estejam completamente livres de riscos, representam um risco menor e ainda não foram alvo de hacks ou explorações’.

A recuperação dos protocolos de staking ocorre em um momento em que há uma repressão regulatória em curso no setor de criptomoedas nos Estados Unidos, abrangendo até mesmo produtos de staking oferecidos por exchanges centralizadas, o que levou empresas como Kraken e Bitstamp a interromper esses produtos no país.

Outros regimes também adotaram uma postura rigorosa em relação ao setor de dividendos cripto. As regulamentações em Hong Kong, por exemplo, são consideradas uma proibição desses produtos em suas plataformas de ativos digitais, enquanto em Singapura, investidores de varejo não são autorizados a acessá-los.

“A pressão regulatória sobre os produtos de staking oferecidos por exchanges centralizadas definitivamente impulsionou o staking”, afirmou Richard Galvin, cofundador da DACM.

O Lido, atualmente, é classificado como o principal serviço DeFi, com mais de US$ 14 bilhões em ativos bloqueados em sua plataforma, de acordo com o DefiLlama. Seu token nativo, o LDO, teve um crescimento de 60% este ano, superando um aumento de 27% em um indicador que acompanha os 100 maiores criptoativos.